segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Foz do Rio Itajaí é a região metropolitana que mais cresceu no Brasil


A falta de transporte adequado e em quantidade suficiente é um dos principais gargalos na administração dos grandes centros urbanos, que concentram 83,096 milhões de brasileiros (42,5% da população), de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre mobilidade urbana feita entre 2001 e 2010. No período, a concentração manteve-se estável em relação aos 42,3% registrados em 2000.
 
Existem atualmente no Brasil 36 regiões metropolitanas (RMs) e três regiões integradas de desenvolvimento (Rides). Em Santa Catarina existem oito RMs. A da Foz do Rio Itajaí foi a que apresentou a maior taxa de crescimento do Brasil entre os anos de 2000 e 2010, registrando 3,24%. Nessa RM, a população total é de 439.512 pessoas.
 
Em relação à região metropolitana da Grande Florianópolis, houve aumento de 2,15% de 2000 a 2010. A população total dessa região, em 2010, foi de 877.706. A RM Norte/Nordeste Catarinense foi a segunda a apresentar a maior população total em Santa Catarina, registrando 540.064 pessoas. As outras regiões metropolitanas do estado são: RM de Chapecó, RM do Vale do Itajaí, RM de Lages, RM Carbonífera, RM de Tubarão.
 
De acordo com a pesquisa do Ipea, as cidades periféricas das regiões metropolitanas têm crescido bem mais que as cidades que deram origem aos agrupamentos populacionais, em virtude, principalmente, dos altos preços dos imóveis nas áreas centrais. Realidade conhecida na prática, mas agora confirmada por estudo do Ipea sobre Dinâmica Populacional e Sistema de Mobilidade nas Metrópoles Brasileiras.
 
A avaliação do Ipea salienta que as populações de menor poder aquisitivo têm se deslocado cada vez mais para longe dos grandes centros, embora a oferta do maior número de empregos continue nos núcleos regionais. Com isso, a região de moradia do trabalhador se afasta dos locais de trabalho, em decorrência, principalmente, das construções de grandes empreendimentos imobiliários onde o terreno é mais barato, de acordo com Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea que apresentou o estudo sobre mobilidade populacional.
 
Tempo de viagem e investimentos
 
O fenômeno de aumento dos tempos de viagem nos deslocamentos por transporte coletivo ocorre nas principais regiões metropolitanas brasileiras. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar do IBGE, realizada nos anos de 1992 e 2008, houve um incremento médio de 7% nos tempos de viagem das populações que vivem nas maiores metrópoles brasileiras, sendo que o percentual médio de trabalhadores que gastam mais de 1 hora no deslocamento casa-trabalho subiu de 15,7% para 19%.
 
Esses dados mostram que os investimentos em mobilidade realizados nas regiões metropolitanas nesse período foram importantes para enfrentar o vertiginoso aumento da frota de veículos privados, tanto que os tempos de deslocamentos subiram a taxas menores do que o crescimento da frota, mas não conseguiram inverter a tendência de aumento nos tempos de viagem médio da população.
 
De acordo com a pesquisa, para se resolver o problema de aumento nos tempos de viagem dos deslocamentos por transporte coletivo deve haver investimentos maciços em infraestrutura, principalmente nos corredores de ônibus, que se constitui no principal modal metropolitano, segregando o espaço de operação dos veículos em vias exclusivas.
 
O Ipea explica que o aumento de tempos de viagem do transporte público implica aumento de custos, que, aliado a outros fatores, provocam o aumento das tarifas. Nos últimos 10 anos, as tarifas do transporte intermunicipal metropolitano subiu cerca de 32% acima da inflação medida pelo IPCA, seguindo praticamente o mesmo comportamento das tarifas dos sistemas de ônibus urbanos.
 
Malha metroviária
 
O problema para expansão da malha metroviária no país é o alto custo quilométrico de implantação desses sistemas. As últimas referências de investimentos desse tipo indicam custos por quilômetro implantado entre R$ 100 e 290 milhões. Se as 39 metrópoles brasileiras fossem seguir o padrão da Cidade do México, de 10 km de metrô para cada milhão de habitantes, seriam necessários mais 600 km na rede metroviária brasileira, o que demandaria R$ 85 bilhões, considerando um custo médio de R$ 130 milhões/km.
 
Esse valor mais que dobraria se fosse seguido o padrão observado em cidades como Paris e Londres, que possuem menos de 500 mil habitantes para cada 10 km de linha metroviária. Em função do alto custo de implantação dos sistemas metroviários, algumas alternativas de transporte de massa vêm sendo adotadas no Brasil e no mundo.
 
Para níveis de demanda menores, começam a ser construídos em algumas regiões metropolitanas brasileiras os chamados veículos leves sobre trilhos (VLT) que apresentam menores custos e certa flexibilidade operacional por poder operar tanto em tráfego misto quanto em vias segregadas. O projeto de Brasília apresenta custo quilométrico na faixa de 60 milhões de reais, enquanto o projeto de Fortaleza R$ 20 milhões.
 
Mas o novo conceito que se está utilizando em várias cidades, quando se trata de transporte massivo rodoviário, é o chamado BRT - Bus Rapid Transit - ou sistemas de ônibus rápidos. Esses sistemas apresentam custos quilométricos de implantação que não ultrapassam 15% dos custos dos metrôs. Na prática, eles utilizam os principais atributos dos metrôs, como operação em vias segregadas, embarque em nível e veículos de grande capacidade, guardadas as devidas proporções. Os custos quilométricos de implantação desses sistemas giram em torno de R$ 20 milhões.

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