Rio -  A classe média pode voltar a sonhar com a casa própria. A Caixa Econômica Federal acaba de anunciar a redução dos juros para financiamento de imóveis avaliados em R$ 500 mil ou mais.
A queda no percentual vai antecipar o plano de muitas famílias em sair do aluguel ou adquirir imóvel maior e mais moderno neste início do ano. Essa faixa de renda vinha sofrendo por conta da grande valorização dos imóveis, principalmente na cidade do Rio, o que inviabilizava a compra de uma unidade até R$ 500 mil — limite que permite comprar imóveis com juros abaixo de 12% ao ano mais TR (Taxa Referencial).
Cobertura do Porto Real Suítes, a partir de R$ 630 mil, pode ser financiada com novas taxas | Foto: Divulgação
Cobertura do Porto Real Suítes, a partir de R$ 630 mil, pode ser financiada com novas taxas | Foto: Divulgação
O mercado festeja a iniciativa da Caixa de reduzir os juros para até 8,4% ao ano mais TR. Já para os servidores públicos, o percentual pode ser menor, dea 8,3% ao ano.
Mudança
Para Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel, a medida oferecida pela Caixa vai beneficiar a classe média. De acordo com ele, a instituição vai incentivar a construção de imóveis na Zona Sul e parte das zonas Norte e Oeste.
Outra consequência é a mudança no comportamento do consumidor. “Esta redução na taxa de juros é importante para o mercado imobiliário, pois oferece melhores condições para a compra da casa própria”, diz ele.
A expectativa do executivo é que as famílias aproveitem o financiamento mais barato para mudar para imóveis mais caros. A tendência, acredita ele, será a procura por opções com melhor localização e mais infraestrutura.
Taxas dependem também do grau de relacionamento com o banco
A medida da Caixa vão beneficiar três categorias de clientes. Para quem recebe o salário depositado em conta na instituição, por exemplo, a taxa cairá de 8,9% ao ano para 8,4%.
Já, para quem tem apenas conta, o percentual baixará de 9,1% para 8,6%. E os que não têm relacionamento com a Caixa pagarão taxa de 9,4% ao ano em vez de 9,9% ao ano.
Fachada do Park Premium, da Calçada, no Recreio dos Bandeirantes: unidades a partir de R$ 539 mil | Foto: Divulgação
Fachada do Park Premium, da Calçada, no Recreio dos Bandeirantes: unidades a partir de R$ 539 mil | Foto: Divulgação
Representante comercial da MDL Realty, Rafael Garrido dizque a nova condição de financiamento aquecerá o mercado. Para ele, a mudança vai facilitar para as incorporadoras a venda de unidades para compradores que estavam com dificuldades de comprar imóveis mais caros.
Garrido prevê que a redução dos juros, após uma fase de forte valorização nos últimos anos, tornará o mercado novamente aquecido. Ele acredita que ela ajudará não só na venda dos lançamentos como na redução de estoques.
Para o diretor da Efer, Carlos Eduardo Penna, o os bancos privados a também mexerem nas suas taxas. Com ele concorda Bruno Teodoro, diretor da Estrutura Consultoria: “A classe média terá ainda mais acesso ao financiamento. A decisão vai aquecer o mercado”.
Setor espera aumento do limite para uso do FGTS
Diretor da Santa Cecília, Márcio Iorio diz que qualquer redução nos juros é interessante. Mas, para ele, se o objetivo do governo é estimular a construção civil e realimentar o Produto Interno Bruto (PIB), deveria aumentar o limite do uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para a compra de imóveis, de R$ 500 mil para R$ 750 mil.
Ele explica que a elevação faria um universo maior de trabalhadores ter acesso a juros mais baixos. “Mesmo que não usem o FGTS na compra”.
Iorio afirma ainda que a medida tornaria mais fácil para outros bancos diminuir suas taxas. Com isso, levaria à redução da concentração dos financiamentos na Caixa, que hoje tem 71,5% do mercado. “Não vejo a concentração na Caixa como algo bom para o sistema”, alega.
Diretor da Brasil Brokers, José Roberto Federighi apoia a queda de juros e também pede a elevação no limite do valor do imóvel para uso do FGTS. Ele considera a medida da Caixa muito positiva tanto para o mercado imobiliário quanto para a classe média como um todo.
Federighi diz que esse segmento passou a ter mais motivos para comprar um imóvel. “O setor espera agora o aumento no limite de uso do FGTS”.

Fonte: "O dia"